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Série Ouro: Unidos de Bangu exalta a resistência indígena com enredo sobre a Aldeia Maracanã

Escola da Zona Oeste encara desafios após incêndio e promete grande desfile na Série Ouro Série Ouro: Unidos de Bangu exalta a resistência indígena com enredo sobre a Aldeia Maracanã
A Unidos de Bangu levará para a Avenida um dos símbolos da resistência indígena no Rio de Janeiro. Com o enredo “Maraka’ Anandê – Resistência Ancestral”, a escola mais antiga da Zona Oeste homenageia a Aldeia Maracanã, comunidade indígena localizada ao lado do estádio do Maracanã.
A Aldeia Maracanã se tornou um símbolo de resistência indígena na cidade. Ocupado por diferentes etnias desde os anos 2000, o espaço foi alvo de conflitos, principalmente em 2013, quando um grupo de indígenas foi removido do local durante obras de modernização do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.
Desde então, a luta pela retomada e valorização do território continua, com indígenas reivindicando sua importância cultural e histórica.
A escolha do tema reforça não apenas a luta dos povos originários pela preservação de sua cultura, mas também o próprio espírito de superação da agremiação, que foi uma das atingidas pelo incêndio na Maximus Confecções, fábrica localizada em Ramos, na Zona Norte do Rio.
O incidente destruiu fantasias e alegorias de várias escolas da Série Ouro, mas a Unidos de Bangu manteve o compromisso de fazer um desfile marcante.
Segundo o diretor de Carnaval, Marcelo do Rap, apesar das dificuldades enfrentadas após o incêndio, a escola está determinada a entregar um grande espetáculo.
“Em meio a esse caos, foi uma ducha de água fria, a pretensão da Unidos de Bangu era brigar pelo Grupo de Acesso. Nós vamos pisar forte na avenida e, com certeza, vai ser um grande espetáculo, podem ter certeza disso!” disse Marcelo.
Diante do impacto do incêndio, a Liga RJ confirmou que nenhuma das escolas atingidas será rebaixada neste Carnaval.
O desfile da agremiação promete emocionar o público, unindo a luta dos povos indígenas com a própria trajetória de superação da escola, que, mesmo diante das dificuldades, se mantém firme na busca pelo reconhecimento e pela valorização da sua história no Carnaval carioca.
Confira o samba-enredo
Ancestral tupinambá! Um guerreiro anti servil
Sou a taba de lutar pela Aldeia do Brasil
Pela honra desse chão! Por um novo amanhã
Originária Bangú, Marakanã
Vibra! Quando maraca brada jabebiracica
É o passado e o futuro feito espelho
Corpo Vermelho tinge o branco da história
Sombrio! De senhorio me fizeram despejado
A cruz na vela me tornou escravizado
Na avidez de tomar tudo o que é meu
Quem é teu Deus? Que me deixou sangrar à terra do cocar
Em nome dele quase me exterminar
Sem piedade ou perdão
É marco do tempo que há tempos
Escrito com sangue nas mãos
Enfeitam o conto da constituição
Teu garimpo envenena
O teu fogo me consome
Mais um dia teus herdeiros
Passarão a minha fome
Auê! Auê! Sou coragem que não tarda
Contra o capitão do mato que hoje em dia veste farda
Aue aueee
Sou a arte em voz sedenta
A raiz que dá a cura, a cultura que sustenta
Sobreviver é bem mais que sonhar
É o dom de ministrar o pertencer
Um tributo a Darcy! Marechal do resistir
O amor a reerguer
A esperança é devolver o que nos resta
Pois a solução do mundo, vem do povo da floresta

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