
Sensor de glicose: o que é a tecnologia usada por filho de Marília Mendonça e quais os modelos disponíveis no Brasil
Tecnologia usada pelo filho de Marília Mendonça é aprovada no Brasil e ajuda a controlar a glicose em tempo real, mas ainda é cercada de confusões sobre funcionamento, acesso e a própria natureza do diabetes tipo 1. Especialistas explicam. Léo e a babá, Luciene Melo, em foto compartilhada nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais de Luciene Melo
Após a repercussão do uso de um sensor de glicose pelo filho de Marília Mendonça, surgiram dúvidas e interpretações equivocadas sobre a tecnologia, sua disponibilidade no Brasil e até mesmo sobre as causas do diabetes tipo 1.
O Brasil tem três equipamentos disponíveis para monitorar a glicemia, mesmo de crianças, apesar de o pai de Léo Dias Mendonça Huff ter trazido o aparelho para o filho dos Estados Unidos.
Os sensores são relativamente caros para o Brasil, com custos que variam entre R$ 250 e R$ 330 e duram entre 14 e 15 dias. Por isso, as pessoas precisam de dois sensores por mês, pelo menos.
“A recomendação é que a glicose seja feita cinco vezes ao dia, para quem tem diabetes tipo 1. Ou seja, antes de cada refeição: café, almoço, lanche, jantar e ceia, ou antes de dormir. E as crianças pequenas, sem dúvida, devem usar sensor de glicose”, destaca a diretora do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Joana Dantas.
O que são os sistemas de monitoramento contínuo de glicose (CGMs)?
São tecnologias que permitem medir os níveis de glicose no organismo de forma contínua, sem a necessidade de picadas nos dedos ao longo do dia. O sensor é aplicado sob a pele e envia leituras frequentes da glicose, ajudando a identificar oscilações perigosas e a manter os níveis mais estáveis.
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Como esses aparelhos funcionam na prática?
O sensor é inserido sob a pele — geralmente no braço — e mede a glicose no líquido intersticial (não diretamente no sangue). Ele armazena os dados que podem ser acessados por um leitor ou celular. Um dos modelos mais usados no Brasil, o FreeStyle Libre (Abbott), mostra gráficos das últimas 8 horas, indica tendências e não exige calibração diária. Cada sensor tem duração de até 14 dias.
Quais são os principais tipos de CGM?
Existem dois principais:
Sistema Flash (SFMG): armazena dados que são lidos sob demanda, como o FreeStyle Libre.
CGM em tempo real (rt-CGM): envia alertas automáticos, útil para identificar rapidamente situações de risco.
Esses aparelhos são aprovados no Brasil?
Sim. O FreeStyle Libre é o principal CGM disponível no Brasil, aprovado pela Anvisa para uso a partir dos 4 anos e também durante a gravidez. Outro sistema, o Enlite Medtronic (rt-CGM), é autorizado para maiores de 2 anos. Outros modelos internacionais, como o Dexcom e o Eversense, não estão disponíveis no país.
Quais são os benefícios comprovados do uso de CGMs?
Estudos mostram que o uso de CGMs:
Reduz episódios de hipoglicemia e o tempo em que a glicose está fora da faixa ideal.
Melhora o controle glicêmico de longo prazo (HbA1c).
Diminui internações por complicações como cetoacidose.
Melhora a qualidade de vida de pessoas com diabetes tipo 1, tipo 2 e diabetes gestacional.
No caso de gestantes com diabetes tipo 1, também foram observadas melhorias nos desfechos para o bebê, como menor risco de internação na UTI neonatal.
Oferecem aos médicos uma visão global do paciente, quando a glicose está subindo ou caindo, durante 24 horas.
“Todos os pacientes com diabetes tipo 1 devem monitorar a glicose, seja na ponta de dedo, seja com sensor. Mas como expliquei, o sensor é uma visão mais ampla. Eu consigo ver como é que foi a madrugada toda, se ficou alta ou baixa. Os sensores com visão no celular conseguem avisar se teve hipoglicemia, porque o celular apita e a pessoa acorda”, explica Dantas.
O uso é recomendado para qualquer pessoa com diabetes, a partir dos 4 anos. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), devem ter prioridade:
Pessoas com episódios graves de hipoglicemia.
Quem apresenta hipoglicemias noturnas.
Pacientes com controle inadequado da glicose, mesmo com tratamento.
Pessoas com internações frequentes por complicações do diabetes.
O SUS oferece CGMs?
Ainda não de forma ampla. O acesso a CGMs pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é limitado, e geralmente restrito a processos judiciais ou programas locais de saúde. Porém, isso pode mudar em breve.
Existe algum projeto de lei sobre o tema?
Sim. Está em análise no Senado o Projeto de Lei nº 3526/2024, que propõe garantir a oferta gratuita de medidores contínuos de glicose no SUS para quem tiver prescrição médica. O projeto busca corrigir desigualdades de acesso, já que atualmente esses dispositivos são acessíveis apenas a quem pode pagar — e os custos são altos. A proposta também argumenta que o uso dos CGMs pode reduzir custos com complicações, internações e tratamentos a longo prazo.
Reprodução/Redes sociais de Luciene Melo
Após a repercussão do uso de um sensor de glicose pelo filho de Marília Mendonça, surgiram dúvidas e interpretações equivocadas sobre a tecnologia, sua disponibilidade no Brasil e até mesmo sobre as causas do diabetes tipo 1.
O Brasil tem três equipamentos disponíveis para monitorar a glicemia, mesmo de crianças, apesar de o pai de Léo Dias Mendonça Huff ter trazido o aparelho para o filho dos Estados Unidos.
Os sensores são relativamente caros para o Brasil, com custos que variam entre R$ 250 e R$ 330 e duram entre 14 e 15 dias. Por isso, as pessoas precisam de dois sensores por mês, pelo menos.
“A recomendação é que a glicose seja feita cinco vezes ao dia, para quem tem diabetes tipo 1. Ou seja, antes de cada refeição: café, almoço, lanche, jantar e ceia, ou antes de dormir. E as crianças pequenas, sem dúvida, devem usar sensor de glicose”, destaca a diretora do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Joana Dantas.
O que são os sistemas de monitoramento contínuo de glicose (CGMs)?
São tecnologias que permitem medir os níveis de glicose no organismo de forma contínua, sem a necessidade de picadas nos dedos ao longo do dia. O sensor é aplicado sob a pele e envia leituras frequentes da glicose, ajudando a identificar oscilações perigosas e a manter os níveis mais estáveis.
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Como esses aparelhos funcionam na prática?
O sensor é inserido sob a pele — geralmente no braço — e mede a glicose no líquido intersticial (não diretamente no sangue). Ele armazena os dados que podem ser acessados por um leitor ou celular. Um dos modelos mais usados no Brasil, o FreeStyle Libre (Abbott), mostra gráficos das últimas 8 horas, indica tendências e não exige calibração diária. Cada sensor tem duração de até 14 dias.
Quais são os principais tipos de CGM?
Existem dois principais:
Sistema Flash (SFMG): armazena dados que são lidos sob demanda, como o FreeStyle Libre.
CGM em tempo real (rt-CGM): envia alertas automáticos, útil para identificar rapidamente situações de risco.
Esses aparelhos são aprovados no Brasil?
Sim. O FreeStyle Libre é o principal CGM disponível no Brasil, aprovado pela Anvisa para uso a partir dos 4 anos e também durante a gravidez. Outro sistema, o Enlite Medtronic (rt-CGM), é autorizado para maiores de 2 anos. Outros modelos internacionais, como o Dexcom e o Eversense, não estão disponíveis no país.
Quais são os benefícios comprovados do uso de CGMs?
Estudos mostram que o uso de CGMs:
Reduz episódios de hipoglicemia e o tempo em que a glicose está fora da faixa ideal.
Melhora o controle glicêmico de longo prazo (HbA1c).
Diminui internações por complicações como cetoacidose.
Melhora a qualidade de vida de pessoas com diabetes tipo 1, tipo 2 e diabetes gestacional.
No caso de gestantes com diabetes tipo 1, também foram observadas melhorias nos desfechos para o bebê, como menor risco de internação na UTI neonatal.
Oferecem aos médicos uma visão global do paciente, quando a glicose está subindo ou caindo, durante 24 horas.
“Todos os pacientes com diabetes tipo 1 devem monitorar a glicose, seja na ponta de dedo, seja com sensor. Mas como expliquei, o sensor é uma visão mais ampla. Eu consigo ver como é que foi a madrugada toda, se ficou alta ou baixa. Os sensores com visão no celular conseguem avisar se teve hipoglicemia, porque o celular apita e a pessoa acorda”, explica Dantas.
O uso é recomendado para qualquer pessoa com diabetes, a partir dos 4 anos. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), devem ter prioridade:
Pessoas com episódios graves de hipoglicemia.
Quem apresenta hipoglicemias noturnas.
Pacientes com controle inadequado da glicose, mesmo com tratamento.
Pessoas com internações frequentes por complicações do diabetes.
O SUS oferece CGMs?
Ainda não de forma ampla. O acesso a CGMs pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é limitado, e geralmente restrito a processos judiciais ou programas locais de saúde. Porém, isso pode mudar em breve.
Existe algum projeto de lei sobre o tema?
Sim. Está em análise no Senado o Projeto de Lei nº 3526/2024, que propõe garantir a oferta gratuita de medidores contínuos de glicose no SUS para quem tiver prescrição médica. O projeto busca corrigir desigualdades de acesso, já que atualmente esses dispositivos são acessíveis apenas a quem pode pagar — e os custos são altos. A proposta também argumenta que o uso dos CGMs pode reduzir custos com complicações, internações e tratamentos a longo prazo.