Mulheres no Maranhão adiam a maternidade e têm menos filhos, aponta IBGE
4 mins read

Mulheres no Maranhão adiam a maternidade e têm menos filhos, aponta IBGE

Censo 2022 confirma mudança nos padrões familiares e reprodutivos no estado. Maranhenses estão tendo menos filhos e adiando a maternidade
No Maranhão, a ideia de ter muitos filhos e a casa cheia está dando lugar a um novo cenário: famílias menores e maternidade mais tardia, segundo os últimos dados Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
📲 Clique aqui e siga o perfil do g1 Maranhão no Instagram
O instituto mostra que a quantidade média de filhos por mulher maranhense caiu para 1,75. Na década de 1960, essa média era de 7,26 filhos por mulher.
Essa mudança acompanha uma tendência nacional: Em 1960, o índice no Brasil era de 6,3. Nos anos 1980, caiu para 4,4; em 2000, foi para 2,4. Agora, em todo o Brasil, a média é de 1,6 filhos por mulher.
O número está abaixo do nível de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher — o mínimo necessário para manter estável o tamanho da população ao longo das gerações.
🔎 O que é reposição populacional?
A taxa de reposição populacional indica o número médio de filhos que cada mulher precisa ter para que uma geração seja substituída pela seguinte, mantendo o tamanho da população estável ao longo do tempo. O patamar considerado ideal por organizações internacionais é de 2,1 filhos por mulher — índice que compensa nascimentos, mortes e casos em que a mulher não tem filhos.
Mudança de geração
Para muitas mulheres no Maranhão, como a estudante de Comunicação Ana Gabriela Serra, a maternidade não está nos planos imediatos.
“Eu tenho outros planos para agora. Formar, me estabilizar, ter um trabalho, viajar e, somente depois, ter filhos”, afirma.
Essa transformação fica ainda mais clara para quem viveu outra realidade. A autônoma Maria Vitória cresceu em um tempo onde ter muitos filhos era o comum. Hoje, vê com naturalidade a mudança de pensamento.
“Uma opção de cada um. Tem umas que querem ter cinco, quatro, ou nenhuma. Tudo bem.”
O analista do IBGE Reinaldo Barros afirma que o Maranhão caminha para uma desaceleração populacional.
“Esses números, para o Maranhão, apontam que, de fato, a população do Maranhão, dadas as condições atuais, ela tende mais a encolher no futuro do que crescer”, alerta.
Escolaridade influencia decisões
Wanderson Ícaro foi o primeiro bebê a nascer na rede estadual de saúde do Maranhão em 2024
Israel Pontes
O levantamento revela também que o nível de escolaridade tem influência direta no novo comportamento. Mulheres com ensino superior no Maranhão têm, em média, 1,4 filhos. Já entre aquelas que não concluíram o ensino fundamental, esse número sobe para 2,2 — acima da média nacional para esse grupo, que é de 2 filhos.
Outro dado importante do Censo é a idade média em que as mulheres têm filhos. Em 2010, no Maranhão, essa média era de 25,6 anos. Em 2022, subiu para 26,9 anos. No Brasil, essa média é ainda maior: 28,1 anos.
Os recortes por raça também apontam diferenças: No Maranhão, a mulher branca tem filhos mais tarde do que a mulher preta ou parda.
“Ela está dentro daquele grupo de pessoas que não tem acesso básico a questões de educação sexual, a questões do subemprego, a questões também de pessoas de baixa renda. Enquanto quando a pessoa tem esses acessos limitados, ela tende a aumentar as chances de ter uma gravidez não planejada”, conta a estudante de Comunicação, Maria Eduarda Muniz.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *