Motoclube formado apenas por mulheres é pioneiro em Presidente Prudente e destaca luta contra o preconceito; ‘nosso universo é infinito e colorido’, diz integrante

‘Todo lugar é nosso, desde que desejemos estar lá’, destacou a presidente do clube. Libertad é o primeiro motogrupo feminino de Presidente Prudente (SP)
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Pneus, velocidade e liberdade são termos que poderiam ser associados com veículos e, provavelmente, muitas pessoas pensariam no público masculino. Em contramão do tradicional, essas palavras fazem parte do cotidiano de mulheres pioneiras na fundação de uma organização inédita em Presidente Prudente (SP): um motogrupo 100% feminino.
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Com o nome Libertad, o grupo formado por nove integrantes foi criado em 2018 e, desde então, realiza encontros com as motociclistas e participa de mobilizações em cidades do Oeste Paulista.
Conforme a fundadora da organização, Vanessa Cristina Hogera, mais conhecida como Nessinha, de 42 anos, a ideia do motogrupo surgiu a partir das diferenças de ideias que ela encontrou ao longo da jornada, quando encontrava participantes de outros motoclubes.
“De início, o grupo era formado por um outro motoclube, porém, não deu certo, não batiam as ideias. Eu era vice-presidente na época e resolv,i então, montar um motogrupo próprio, com minhas ideias e objetivos”, explicou ao g1.
Libertad é o primeiro motogrupo feminino de Presidente Prudente (SP)
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“Vejo muitos motoclubes formados apenas por homens ou, de vez em quando, mistos, mas nenhum apenas de mulheres. Nem sempre o público feminino é aceito em outros motoclubes. Tem vários, por exemplo, que só aceitam homens e, em alguns, as mulheres não podem nem usar colete”, destacou Nessinha.
Para a fundadora, o preconceito contra as mulheres e, principalmente, contra aquelas que possuem interesse por motoclubes ainda é presente na sociedade, entretanto, ela contou ao g1 que a aceitação do público feminino em espaços majoritariamente masculinos é crescente.
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“Querendo ou não, ainda existe bastante preconceito, mas no decorrer desses anos conseguimos conquistar o respeito dos outros e podemos chegar e ser bem recebidas pelos demais grupos”, ressaltou.
“A maioria dos homens é casada e as esposas acham que, por sermos a maioria solteira, vamos ‘dar em cima deles’, mas depois elas conversam [conosco] e conseguem ver que não tem isso, que é coisa da cabeça e que podemos entrar no espaço”, exemplificou Nessinha.
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Empoderamento feminino
Ao g1, uma das participantes do grupo, Ana Carolina da Silva Santana, de 35 anos, contou que o Libertad surgiu na vida dela quando mais precisava, em um momento em que, segundo ela, se sentia sozinha e não possuía muitos amigos.
“Me vi num momento recém-divorciada, quando minha vida se baseava apenas no trabalho. Foi quando nas redes sociais me deparei com esta modalidade do motociclismo e fui observando, tudo que eu via, principalmente a respeito da irmandade, me chamava muito a atenção, pois já era um meio de transporte que eu utilizava e a ideia de juntar isso ao lazer foi incrível”, compartilhou Ana Carolina.
“O grupo vem pra mostrar que nós, mulheres, somos capazes de estar no ambiente que quisermos, temos habilidades tão boas quanto o universo masculino e, só pelo fato de sermos mulheres, nos tornamos grandes amigas. Nossos passeios acabam sendo momentos de lazer, de descontração e, na maioria, até terapêuticos”, enfatizou a participante.
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Já para a vice-presidente do motogrupo, Viviane Regina Hogera, de 30 anos, o clube tem como objetos combater os preconceitos e reafirmar o significado do próprio nome da iniciativa: Libertad, que, traduzido do espanhol, significa liberdade.
“A importância do grupo para a cidade é promover a liberdade em duas rodas, fazer novas amizades e, o mais importante, combater o preconceito de quem acha que mulher não pode pilotar”, disse Viviane ao g1.
“Ao contrário da fala preconceituosa ‘mulher tem que pilotar fogão’, nós somos capazes de pilotar fogão, moto, carro e avião, muito bem, por sinal. Somos delicadas e fortes ao mesmo tempo, queremos encorajar outras mulheres mostrando que todo lugar é nosso, desde que desejemos estar lá”, destacou a fundadora do grupo.
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Motogrupo em ação
Segundo Nessinha, o motogrupo ainda não possui um espaço próprio e os eventos de que as integrantes participam são organizados, muitas vezes, em parceria com outros clubes de motociclismo da região.
E nem só de passeios as integrantes sobrevivem. Ao longo do ano, as participantes também se envolvem em causas sociais e fazem atividades juntas no tempo livre.
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“Participamos de eventos com a finalidade de chamar a atenção da sociedade para a causa, como meio de conscientização mesmo e com o objetivo de levantar assistência, principalmente material, como alimentos, roupas ou ração, como na causa animal, por exemplo, sendo esta a que mais me chama atenção”, destacou a participante Ana Carolina.
Para a vice-presidente do motoclube, um dos momentos marcantes do grupo também foi a ação com os animais, quando as participantes levaram ração e passaram um período em abrigos que cuidam de bichos abandonados.
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Dia Internacional da Mulher
Em Presidente Prudente, o motogrupo Libertad é o primeiro a ter como formação somente o público feminino. Com a chegada do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (8), as participantes ressaltaram a força das mulheres e o orgulho de fazer parte da iniciativa.
“Este dia simboliza muito, é uma data da qual nos orgulhamos pelas conquistas que tivemos, e que não são fáceis. Homem só senta na moto e sai, já mulher tem que dar conta da casa, dos filhos, cachorro e, às vezes, até do próprio marido [risos]”, concluiu a presidente ao g1.
“Percebo que estar presente nesta modalidade levanta olhos de admiração por muitas pessoas que, às vezes, só se veem presas dentro de suas vidas sem muitas perspectivas. Este grupo, a passos de formiguinhas, vem pra mostrar que o mundo para nós, mulheres, é bem maior do que aquele imposto pela sociedade desde o início da história. Nosso universo é infinito e colorido”, finalizou a integrante Ana Carolina.
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