
Lote alvo de disputa que terminou com ataque e mortos em assentamento do MST será centro de educação ambiental
Duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas após serem baleadas em um assentamento em Tremembé, no interior de SP, no início do ano. Polícia e MP afirmam que motivo do ataque foi disputa por lote. Lote alvo de disputa que terminou com ataque e mortos em assentamento em SP será centro de educação ambiental
Laurene Santos/TV Vanguarda
O lote alvo de uma disputa que terminou com duas pessoas mortas em um ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, em janeiro deste ano, será transformado em um centro de educação ambiental.
O ataque aconteceu no assentamento Olga Benário, na Estrada Kanegae. Valdir Nascimento, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 27, foram mortos a tiros. Seis pessoas também ficaram feridas na ação – relembre o caso abaixo.
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A destinação do lote – que para as autoridades foi o principal motivo do ataque – foi anunciada em uma assembleia realizada no local, na manhã deste sábado (28).
O espaço não vai mais ser ocupado por apenas uma família – a partir de agora, será uma área de uso comunitário para desenvolvimento de projetos de interesse social para o assentamento.
“O sonho do Valdir era ter um espaço de educação e formação para agricultores se utilizarem da agroecologia como forma produção agrícola, ou seja, produzir comida saudável, comida sem veneno. Já é uma experiência que eles têm aqui, mas agora o lote 17 será transformado em um centro de educação ambiental”, disse o diretor estadual do MST, Marcelo Buzetto.
De acordo com Buzetto, há também em andamento um trabalho de revisão das propriedades do assentamento, que é regularizado há mais de 20 anos e conta com 46 lotes, que abrigam cerca de 200 pessoas.
“Infelizmente foram identificadas situações de vendas de lotes na região do Vale do Paraíba. Pessoas que se infiltraram na luta legítima das famílias, por terra e reforma agrária, com interesses financeiros. Então aqui o Incra está fazendo um momento de regularização.”
Lote alvo de disputa que terminou com ataque e mortos em assentamento em SP será centro de educação ambiental
Laurene Santos/TV Vanguarda
A assembleia contou com a participação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que ofereceu novas linhas de crédito para incentivar a produção e a agricultura.
“A gente tem um crédito que é o apoio inicial, o primeiro crédito para ajudar as famílias nos lotes, assim que elas são assentadas, e os outros créditos que estão sendo liberados agora. São fomento para mulheres, para jovens”, explicou Sabrina Diniz, superintendente do Incra-SP.
“Se a família cumprir requisitos para ser uma beneficiária do programa nacional de reforma agrária, ela pode ser regularizada no lote, se estiver há mais de um ano e não for funcionário público”, completou.
Os nomes de Valdir e Gleison – assassinados no ataque do começo do ano – foram lembrados e aplaudidos na assembleia.
Ataque a assentamento do MST em Tremembé (SP) deixa dois mortos e seis feridos
O caso
Um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, foi atacado no início deste ano.
O ataque aconteceu no dia 10 de janeiro, no assentamento Olga Benário, na Estrada Kanegae. Dois morreram e seis ficaram feridos após serem baleados.
Os mortos são:
Valdir Nascimento, de 52 anos
Gleison Barbosa de Carvalho, de 27
Um dia depois do crime, o então delegado seccional de Taubaté, Marcos Parra, informou em entrevista coletiva que as evidências iniciais apontavam para uma possível disputa por um lote no assentamento como a motivação do crime.
Em entrevista à TV Vanguarda na semana do crime, o delegado diretor do Deinter-1, Dr. Múcio Mattos, disse que o ataque não teve nada relacionado contra o MST, mas, sim, a um lote específico no assentamento.
“O que foi possível compreender até agora é que o litígio foi nesse lote específico. Não é contra o Movimento [Sem Terra], é contra esse lote. A disputa não é da gleba, é do lote que está desocupado”, disse Múcio Mattos, diretor do Deinter-1 em São José dos Campos (SP).
Investigação
Segundo o Ministério Público, que passou a investigar o caso, o crime foi praticado por motivo torpe, propiciando perigo comum e mediante recursos que dificultaram a defesa das vítimas.
“A investigação apontou que um dos autores havia ocupado um lote no assentamento de forma irregular, sendo na oportunidade avisado de que não poderia mais permanecer ali. A situação gerou discussão e ameaças às vítimas, inclusive promessas por parte de um dos autores de que retornaria mais tarde para resolver a questão. Em seguida, ele arregimentou familiares, amigos e conhecidos, tendo retornado ao assentamento no mesmo dia, tarde da noite, para praticar os crimes. No local, os autores efetuaram diversos disparos de armas de fogo, atingindo as vítimas e assumindo o risco de alvejar outras tantas que sequer tomaram parte na discussão”, afirma o Ministério Público.
O assentamento do MST que foi alvo do ataque fica na zona rural de Tremembé.
Reprodução/TV Vanguarda
Prisões
A Justiça decretou a prisão de quatro pessoas suspeitas de envolvimento no ataque. A prisão preventiva dos suspeitos foi decretada após denúncia do Ministério Público.
Um dos suspeitos, Antônio Martins dos Santos Filho, mais conhecido como “Nero do Piseiro”, foi o primeiro a ser preso.
Depois, um outro suspeito – chamado Ítalo Rodrigues da Silva – se entregou à polícia. Outros dois suspeitos estão foragidos.
Homem (de vermelho) suspeito de ter envolvimento em ataque a assentamento do MST se entrega para a polícia em Taubaté, SP
Reprodução/TV Vanguarda
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Laurene Santos/TV Vanguarda
O lote alvo de uma disputa que terminou com duas pessoas mortas em um ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, em janeiro deste ano, será transformado em um centro de educação ambiental.
O ataque aconteceu no assentamento Olga Benário, na Estrada Kanegae. Valdir Nascimento, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 27, foram mortos a tiros. Seis pessoas também ficaram feridas na ação – relembre o caso abaixo.
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A destinação do lote – que para as autoridades foi o principal motivo do ataque – foi anunciada em uma assembleia realizada no local, na manhã deste sábado (28).
O espaço não vai mais ser ocupado por apenas uma família – a partir de agora, será uma área de uso comunitário para desenvolvimento de projetos de interesse social para o assentamento.
“O sonho do Valdir era ter um espaço de educação e formação para agricultores se utilizarem da agroecologia como forma produção agrícola, ou seja, produzir comida saudável, comida sem veneno. Já é uma experiência que eles têm aqui, mas agora o lote 17 será transformado em um centro de educação ambiental”, disse o diretor estadual do MST, Marcelo Buzetto.
De acordo com Buzetto, há também em andamento um trabalho de revisão das propriedades do assentamento, que é regularizado há mais de 20 anos e conta com 46 lotes, que abrigam cerca de 200 pessoas.
“Infelizmente foram identificadas situações de vendas de lotes na região do Vale do Paraíba. Pessoas que se infiltraram na luta legítima das famílias, por terra e reforma agrária, com interesses financeiros. Então aqui o Incra está fazendo um momento de regularização.”
Lote alvo de disputa que terminou com ataque e mortos em assentamento em SP será centro de educação ambiental
Laurene Santos/TV Vanguarda
A assembleia contou com a participação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que ofereceu novas linhas de crédito para incentivar a produção e a agricultura.
“A gente tem um crédito que é o apoio inicial, o primeiro crédito para ajudar as famílias nos lotes, assim que elas são assentadas, e os outros créditos que estão sendo liberados agora. São fomento para mulheres, para jovens”, explicou Sabrina Diniz, superintendente do Incra-SP.
“Se a família cumprir requisitos para ser uma beneficiária do programa nacional de reforma agrária, ela pode ser regularizada no lote, se estiver há mais de um ano e não for funcionário público”, completou.
Os nomes de Valdir e Gleison – assassinados no ataque do começo do ano – foram lembrados e aplaudidos na assembleia.
Ataque a assentamento do MST em Tremembé (SP) deixa dois mortos e seis feridos
O caso
Um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, foi atacado no início deste ano.
O ataque aconteceu no dia 10 de janeiro, no assentamento Olga Benário, na Estrada Kanegae. Dois morreram e seis ficaram feridos após serem baleados.
Os mortos são:
Valdir Nascimento, de 52 anos
Gleison Barbosa de Carvalho, de 27
Um dia depois do crime, o então delegado seccional de Taubaté, Marcos Parra, informou em entrevista coletiva que as evidências iniciais apontavam para uma possível disputa por um lote no assentamento como a motivação do crime.
Em entrevista à TV Vanguarda na semana do crime, o delegado diretor do Deinter-1, Dr. Múcio Mattos, disse que o ataque não teve nada relacionado contra o MST, mas, sim, a um lote específico no assentamento.
“O que foi possível compreender até agora é que o litígio foi nesse lote específico. Não é contra o Movimento [Sem Terra], é contra esse lote. A disputa não é da gleba, é do lote que está desocupado”, disse Múcio Mattos, diretor do Deinter-1 em São José dos Campos (SP).
Investigação
Segundo o Ministério Público, que passou a investigar o caso, o crime foi praticado por motivo torpe, propiciando perigo comum e mediante recursos que dificultaram a defesa das vítimas.
“A investigação apontou que um dos autores havia ocupado um lote no assentamento de forma irregular, sendo na oportunidade avisado de que não poderia mais permanecer ali. A situação gerou discussão e ameaças às vítimas, inclusive promessas por parte de um dos autores de que retornaria mais tarde para resolver a questão. Em seguida, ele arregimentou familiares, amigos e conhecidos, tendo retornado ao assentamento no mesmo dia, tarde da noite, para praticar os crimes. No local, os autores efetuaram diversos disparos de armas de fogo, atingindo as vítimas e assumindo o risco de alvejar outras tantas que sequer tomaram parte na discussão”, afirma o Ministério Público.
O assentamento do MST que foi alvo do ataque fica na zona rural de Tremembé.
Reprodução/TV Vanguarda
Prisões
A Justiça decretou a prisão de quatro pessoas suspeitas de envolvimento no ataque. A prisão preventiva dos suspeitos foi decretada após denúncia do Ministério Público.
Um dos suspeitos, Antônio Martins dos Santos Filho, mais conhecido como “Nero do Piseiro”, foi o primeiro a ser preso.
Depois, um outro suspeito – chamado Ítalo Rodrigues da Silva – se entregou à polícia. Outros dois suspeitos estão foragidos.
Homem (de vermelho) suspeito de ter envolvimento em ataque a assentamento do MST se entrega para a polícia em Taubaté, SP
Reprodução/TV Vanguarda
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