Densidade cervejeira de Piracicaba é quatro vezes maior que a média nacional
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Densidade cervejeira de Piracicaba é quatro vezes maior que a média nacional

Pesquisa Mapacerva conduzida pelo Simespi aponta que cervejarias locais geram empregos e apostam na inovação Maioria das cervejarias é formada por micro ou pequenas empresas, que se destacam pela inovação e lançamento de produtos sazonais – Crédito: Divulgação

Piracicaba tem uma densidade cervejeira quatro vezes maior que a média nacional. Enquanto o Brasil registra uma cervejaria para cada 115 mil habitantes, a cidade apresenta um índice de uma cervejaria para cada 29 mil moradores, com 15 marcas ativas para uma população estimada em 438.827 pessoas. O dado reforça o potencial e a vocação do município como um polo de destaque na produção artesanal de cerveja, mesmo sem aparecer entre os líderes em números absolutos de fábricas.
Os dados são do Mapacerva, levantamento inédito realizado entre abril e maio deste ano pela CPLCERVA (Cadeia Produtiva Local da Indústria de Máquinas, Equipamentos e Serviços Industriais para Cervejarias), uma iniciativa do Simespi (Sindicato das Indústrias de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras), sob coordenação do professor Carlos Alberto Zem, assessor de projetos especiais da entidade.
“O estudo reforça a presença de um mercado vivo, com gestão familiar, forte vínculo comunitário e expressivo potencial de crescimento em produção própria, vendas locais e diversificação de produtos”, explica Zem. Ele ressalta que o mapeamento traça o perfil de um segmento em amadurecimento: “Embora a maioria das cervejarias seja micro ou pequena empresa, elas se destacam pela capacidade de inovar e lançar produtos sazonais, e pelo investimento em experiências ao consumidor, como degustações e visitas às fábricas”.
Das 15 cervejarias mapeadas em Piracicaba — incluindo as com fábrica própria e as que operam no modelo ‘cigano’ —, apenas três geram mais de 30 empregos indiretos, enquanto as demais mantêm até dez funcionários diretos, evidenciando o caráter artesanal e local das operações.
“Esses números reforçam a relevância econômica do setor: apesar do porte reduzido, há impacto direto na geração de postos de trabalho e na oferta de produtos diferenciados”, diz Zem.
Segundo ele, a maioria das empresas espera alcançar lucro em 2025, após um ano financeiramente desafiador, apostando em lançamentos, ampliação das vendas e fortalecimento de marca.
Entre os principais desafios enfrentados estão a gestão de caixa, o aumento dos custos operacionais e o acesso a novos mercados. A sustentabilidade ainda é um tema incipiente, embora haja espaço para evolução. Por outro lado, a inovação segue como marca do setor, com o desenvolvimento de novos estilos de cerveja e ações coletivas como o Enconcerva (Encontro da Cadeia Produtiva Local), o Congrecerva (Congresso da Indústria Cervejeira), além de festivais e eventos promovidos pelas próprias cervejarias.
A atuação do Simespi, por meio da CPLCERVA, tem sido decisiva para articular soluções junto à indústria local de base metalmecânica, desenvolvendo equipamentos e serviços sob medida para o setor cervejeiro.
“É uma via de mão dupla: entender as cervejarias e reposicionar a indústria para apoiá-las de forma eficaz”, resume Erick Gomes, presidente do Simespi.
Erick Gomes: ‘É uma via de mão dupla: entender as cervejarias e reposicionar a indústria para apoiá-las de forma eficaz’ – Crédito: Anfré Covolam

Com base nos dados do Mapacerva, novas ações já estão sendo planejadas, como parcerias público-privadas, programas de qualificação técnica, rodadas de negócios, feiras com exposição de soluções para cervejarias, uma nova edição do Congrecerva, concurso cervejeiro e estímulo à inovação e à consolidação da rota cervejeira local.
“O objetivo é consolidar Piracicaba como um polo regional de referência no setor, um verdadeiro ecossistema cervejeiro, com apoio à sustentabilidade, inovação, visibilidade nacional e inserção estruturada na cadeia produtiva”, afirma Zem.
Agora, o Simespi também trabalha no mapeamento dos produtores caseiros de cerveja da cidade.
“Até o momento, temos 50 produtores, conhecidos como ‘panelinhas’, já identificados por meio de formulário digital. Os resultados comporão o Mapa Panelinha. Os dados serão coletados até 15 de julho”, informa Zem.
Os interessados em participar do mapeamento podem solicitar o link da pesquisa pelo e-mail aplcerva@aplcerva.com.br ou obter informações pelo telefone (19) 3417-8600.

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