Cientistas recuperam araras-canindés e as levam de volta ao Rio, onde não eram vistas há mais de 200 anos
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Cientistas recuperam araras-canindés e as levam de volta ao Rio, onde não eram vistas há mais de 200 anos

Espécie é nativa da América do Sul e habitava as florestas do Rio de Janeiro. Mas foi extinta da região por causa da caça. Cientistas recuperam araras-canindés e as levam de volta ao Rio, onde não eram vistas há mais de 200 anos
Reprodução/TV Globo
A arara canindé é um símbolo do Brasil e há mais de 200 anos não era vista no Rio de Janeiro. Até esta semana.
Está aí o lar de 39 mil km² pronto para ser povoado. Se o bom filho à casa torna, nesse caso, são quatro. De “asinhas de fora”, elas são barulhentas e belas. As araras-canindés ficaram por um ano em um parque em Aparecida, no interior de São Paulo, se recuperando de maus-tratos.
“Oriundas do tráfico. Animais que sofreram maus-tratos, passaram por atrito, todo aquele processo do tráfico. Eu consigo treinar esses animais para ver se eles têm condição de voar”, diz o médico veterinário Gerson Norberto.
Um esforço científico também para o futuro.
“Ela tem total capacidade reprodutiva. E ela provavelmente vai ser um dos animais que vão conseguir criar descendentes na floresta”, afirma o veterinário Jeferson Pires.
Com a saúde em dia, encararam 280 km até o Parque Nacional da Tijuca, no Rio.
“Elas estão em caixas de transporte que seguem todos os padrões recomendados e estão bem tranquilas”, conta a bióloga Lara Rezenti.
As araras chegaram à noite e só queriam descansar, depois de cinco horas sem bater as asas. Mas, quando amanheceu, adeus estresse. A paisagem é delas.
“No Parque Nacional da Tijuca, tem as condições ideais para sua sobrevivência, para sua reprodução e também para os serviços ecológicos que vão ajudar na própria manutenção dessa floresta”, afirma Breno Herrera.
A arara-canindé é uma espécie nativa da América do Sul e habitava as florestas do Rio de Janeiro. Mas foi extinta da região por causa da caça. Uma charmosa é a Fernanda; o do meio é o Selton. Os dois formam um casal. E as outras duas fêmeas ainda não têm nome.
O Jornal Nacional presenciou um momento histórico. Depois de mais de 200 anos, a arara-canindé está de volta ao Rio de Janeiro, ao Parque Nacional da Tijuca. Por enquanto, elas vão se ambientando, aproveitando cada cantinho. A reintrodução das araras-canindés faz parte do Projeto Refauna, com o apoio do ICMBio e de outras instituições. Por enquanto, elas vão ficar em um viveiro enorme, no alto da floresta.
“A gente coloca eles para começarem a se acostumar com sons, com a temperatura, com a umidade, com a presença das outras espécies. A gente vai fazer um treinamento, primeiro, para que elas entendam que os alimentos aqui são alimentos para elas. E o segundo, que elas não se aproximem de pessoas. Nós fazemos um treinamento para que elas tenham aversão a chegar perto de pessoas”, diz o biólogo da URFJ e diretor executivo da Refauna Marcelo Rheingantz.
A soltura total pode acontecer em até seis meses com um “quintalzão” para desbravar.
“O meu sonho é ver essas araras voando ao redor do Cristo Redentor e povoando o céu do Rio de Janeiro”, conta Marcelo.
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