Cabelinho cita perseguição ao funk e critica prisão de MC Poze do Rodo: ‘Criminalizam a nossa verdade’
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Cabelinho cita perseguição ao funk e critica prisão de MC Poze do Rodo: ‘Criminalizam a nossa verdade’

Uma das atrações do João Rock, em Ribeirão Preto (SP), MC disse ao g1 que entendimento sobre apologia é subjetivo. ‘São acusados por simplesmente retratarem nas suas letras o que vivem dentro da favela.’ MC Cabelinho no João Rock 2025
Igor do Vale/g1
Uma das atrações do João Rock, um dos principais festivais de música do país realizado este mês em Ribeirão Preto (SP), MC Cabelinho criticou, em entrevista ao g1, a perseguição ao funk e a recente prisão de MC Poze do Rodo por apologia ao crime.
“Acredito que retratar a realidade da favela é arte dependendo de quem está por trás dessa arte. Se for o próprio morador, o próprio favelado, fazendo da sua realidade uma música, uma rima, aí vira apologia. Quem decide isso? É tudo muito subjetivo na minha opinião”, afirma.
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Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, foi preso em 29 de maio por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Isso ocorreu porque ele é investigado por suspeita de apologia ao crime e de envolvimento com o tráfico de drogas.
Cinco dias depois, ele foi solto após ser beneficiado por um habeas corpus, que determinou o cumprimento de medidas cautelares. Além disso, o desembargador da Segunda Câmara Criminal do Rio argumentou que a prisão não se sustentava, pois não ficou demonstrada que ela era imprescindível para a investigação.
MC Poze do Rodo em ‘Desabafo 2’, clipe que mostra sua soltura da prisão
Reprodução/YouTube
‘Criminalizam a nossa verdade’
Parte do movimento funk e do trap, além de parceiro musical de Poze do Rodo, Cabelinho entende que esses gêneros sofrem uma perseguição da mesma forma que outras manifestações culturais populares, como o samba, já sofreram.
“É um problema que várias culturas negras e periféricas já passaram. A nossa história não mente, cara. O samba sofreu esse tipo de perseguição lá atrás, a capoeira também e o funk quase foi criminalizado há poucos anos. Eu penso que essa história de que na favela só tem bandido é uma história vendida de propósito. Criminalizam a nossa verdade e a nossa arte”, diz.
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O cantor reitera seu posicionamento de que medidas como a prisão contra Poze são evidências de um preconceito contra o gênero e de uma postura que não leva em conta o papel simbólico e de representação das letras para a realidade de quem as canta.
“O que diferencia a arte da apologia ao crime, infelizmente, é quem cria e faz a arte. Os MCs que são crias das comunidades são acusados de apologia por simplesmente retratarem nas suas letras o que vivem dentro da favela. Se querem que nossas letras falem de outras coisas, precisam mudar a realidade das favelas.”
Cabelinho no João Rock
Cabelinho foi uma das atrações do palco ‘Fortalecendo a Cena’ no João Rock, evento que reuniu 58 mil pessoas no último sábado, 14 de junho, em Ribeirão Preto.
Na apresentação, além de canções como ‘Né Segredo”, faixa-título do álbum lançado em 2022, ele também colocou no repertório sucessos como “A Cara do Crime (Nós Incomoda)”, parceria com MC Poze do Rodo, Bielzin e PL Quest.
Ele também aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem à banda Charlie Brown Jr com “Céu Azul”.
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