
A fé em São João que deu vida aos bois Caprichoso e Garantido em Parintins no AM
Fé, tradição e cultura que unem gerações em lados opostos da ilha e dão vida ao maior festival folclórico da Amazônia. Devoção e tradição: Caprichoso e Garantido nasceram de promessas a São João Batista
Muito antes de encantarem multidões no Bumbódromo de Parintins e se tornarem ícones da cultura popular brasileira, os bois Caprichoso e Garantido nasceram movidos por fé e promessas feitas a São João Batista — o segundo dos três santos juninos, ao lado de Santo Antônio e São Pedro.
Há 58 anos, esses dois bois realizam o maior espetáculo a céu aberto do Brasil: o Festival Folclórico de Parintins, que neste ano acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de junho, reunindo milhares de pessoas em celebração à cultura e às tradições amazônicas.
Saiba tudo sobre o Festival de Parintins
Foi no ano de 1913 que a história começou a ser escrita. Em lados opostos da ilha, os dois bois surgiram quase simultaneamente, ambos ligados à religiosidade popular e à devoção que marca o mês de junho na região amazônica.
A origem do Garantido ❤️
Maria do Carmo Monteverde, filha do criador do boi Garantido, símbolo da fé e da tradição em Parintins.
Matheus Castro, g1 AM
Na Baixa do São José, o vermelho do Garantido começou a pulsar com força quando Lindolfo Monteverde, seu criador, enfrentou uma grave doença.
Movido pela fé, ele fez uma promessa a São João Batista: se fosse curado, construiria um boi para alegrar o povo nas festas do santo. A cura veio, a promessa foi cumprida — e assim nasceu o Boi Garantido, com seu coração vermelho vibrando a cada batida de tambor e cada toada.
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“Minha vó, a dona Alexandrina, conhecida como Xanda, não sabia mais o que fazer e pediu para o meu pai fazer essa promessa para ficar curado. Três dias depois o milagre aconteceu”, contou a filha de Lindolfo, Maria do Carmo Monteverde.
Maria do Carmo Monteverde, guardiã da memória e das histórias do Boi Garantido.
Matheus Castro, g1 AM
Desde então, o Garantido carrega não só o brilho do folclore, mas também o peso simbólico de uma fé que se renova a cada junho. No dia 24, data dedicada a São João Batista, a comunidade da Baixa mantém viva uma das tradições mais comoventes da festa: a ladainha ao santo, entoada com velas, fé e emoção diante da fogueira acesa.
É nesse clima sagrado que os brincantes aguardam, na madrugada, o cortejo do boi pelas ruas, numa celebração que mistura religiosidade, memória e resistência cultural.
“A ladainha é uma tradição trazida pelo meu pai. Quando ele ficou curado prometeu para São João fazer essa homenagem e antigamente vinham as famílias da Baixa para a oração e depois o Boi Garantido saía pelas casas e visitava as casas. Até hoje fazemos isso”, concluiu Maria do Carmo Monteverde.
A promessa do Caprichoso ⭐
Promessas feitas a São João Batista deram origem a dois dos maiores ícones da cultura amazônica.
Matheus Castro, g1 AM
No mesmo ano, do outro lado da cidade, pelas bandas do Urubuzal, no então conhecido “Reduto do Esconde”, outra promessa a São João dava origem a um boi.
Os irmãos Roque, Antônio e Beatriz Cid, vindos do Crato, no Ceará, sonhavam com dias melhores na Amazônia. Em Manaus, Roque se encantou com um boi chamado Caprichoso que viu na Praça 14 de Janeiro. A imagem e a alegria daquele boi não lhe saíram da cabeça.
Ao chegar a Parintins, e sem que ainda tivessem prosperado na nova terra, os irmãos decidiram que retornariam às origens. Mas antes, como um último gesto de fé, prometeram a São João Batista que, se conseguissem se estabelecer, criariam um boi como aquele que tanto os encantou.
“O Roque sempre foi um apaixonado pela cultura popular. Ele prometeu que se ele e a família conseguissem se estabelecer, eles iam criar um boi para homenagear São João, e conseguiram. Hoje tá aí o Caprichoso, que é o nosso arauto da cultura”, contou Karina Cid, uma das descendentes de Roque Cid.
No dia 20 de outubro de 1913, a promessa foi cumprida: nasceu o Boi Caprichoso, construído com as próprias mãos e muita devoção no local onde hoje fica a Travessa Sá Peixoto.
“Hoje o Caprichoso não é mais da família Cid. Ele é do povo. Nasceu aqui, mas ganhou o mundo e tudo isso como uma promessa para São João”, declarou.
Fé que pulsa no ritmo dos tambores 🥁
Catedral de Nossa Senhora do Carmo, em Parintins, também abriga a imagem de São João Batista.
Matheus Castro, g1 AM
Mais de um século depois, a fé que deu origem aos bois continua viva nas manifestações culturais e religiosas do povo de Parintins. Caprichoso e Garantido não são apenas símbolos folclóricos — são frutos da fé popular, das promessas cumpridas e do poder transformador das tradições juninas.
Em cada ladainha, em cada Boi de Rua, em cada fogueira acesa, em cada promessa renovada no coração dos brincantes, está presente a essência que fez nascer esses dois gigantes da cultura amazônica: a fé em São João Batista, o santo padroeiro dos bois de Parintins.
Garantido e Caprichoso se enfrentam no Festival Folclórico de Parintins
Caprichoso e Garantido celebram São João com fogueiras pelas ruas de Parintins
g1 AM
Muito antes de encantarem multidões no Bumbódromo de Parintins e se tornarem ícones da cultura popular brasileira, os bois Caprichoso e Garantido nasceram movidos por fé e promessas feitas a São João Batista — o segundo dos três santos juninos, ao lado de Santo Antônio e São Pedro.
Há 58 anos, esses dois bois realizam o maior espetáculo a céu aberto do Brasil: o Festival Folclórico de Parintins, que neste ano acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de junho, reunindo milhares de pessoas em celebração à cultura e às tradições amazônicas.
Saiba tudo sobre o Festival de Parintins
Foi no ano de 1913 que a história começou a ser escrita. Em lados opostos da ilha, os dois bois surgiram quase simultaneamente, ambos ligados à religiosidade popular e à devoção que marca o mês de junho na região amazônica.
A origem do Garantido ❤️
Maria do Carmo Monteverde, filha do criador do boi Garantido, símbolo da fé e da tradição em Parintins.
Matheus Castro, g1 AM
Na Baixa do São José, o vermelho do Garantido começou a pulsar com força quando Lindolfo Monteverde, seu criador, enfrentou uma grave doença.
Movido pela fé, ele fez uma promessa a São João Batista: se fosse curado, construiria um boi para alegrar o povo nas festas do santo. A cura veio, a promessa foi cumprida — e assim nasceu o Boi Garantido, com seu coração vermelho vibrando a cada batida de tambor e cada toada.
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“Minha vó, a dona Alexandrina, conhecida como Xanda, não sabia mais o que fazer e pediu para o meu pai fazer essa promessa para ficar curado. Três dias depois o milagre aconteceu”, contou a filha de Lindolfo, Maria do Carmo Monteverde.
Maria do Carmo Monteverde, guardiã da memória e das histórias do Boi Garantido.
Matheus Castro, g1 AM
Desde então, o Garantido carrega não só o brilho do folclore, mas também o peso simbólico de uma fé que se renova a cada junho. No dia 24, data dedicada a São João Batista, a comunidade da Baixa mantém viva uma das tradições mais comoventes da festa: a ladainha ao santo, entoada com velas, fé e emoção diante da fogueira acesa.
É nesse clima sagrado que os brincantes aguardam, na madrugada, o cortejo do boi pelas ruas, numa celebração que mistura religiosidade, memória e resistência cultural.
“A ladainha é uma tradição trazida pelo meu pai. Quando ele ficou curado prometeu para São João fazer essa homenagem e antigamente vinham as famílias da Baixa para a oração e depois o Boi Garantido saía pelas casas e visitava as casas. Até hoje fazemos isso”, concluiu Maria do Carmo Monteverde.
A promessa do Caprichoso ⭐
Promessas feitas a São João Batista deram origem a dois dos maiores ícones da cultura amazônica.
Matheus Castro, g1 AM
No mesmo ano, do outro lado da cidade, pelas bandas do Urubuzal, no então conhecido “Reduto do Esconde”, outra promessa a São João dava origem a um boi.
Os irmãos Roque, Antônio e Beatriz Cid, vindos do Crato, no Ceará, sonhavam com dias melhores na Amazônia. Em Manaus, Roque se encantou com um boi chamado Caprichoso que viu na Praça 14 de Janeiro. A imagem e a alegria daquele boi não lhe saíram da cabeça.
Ao chegar a Parintins, e sem que ainda tivessem prosperado na nova terra, os irmãos decidiram que retornariam às origens. Mas antes, como um último gesto de fé, prometeram a São João Batista que, se conseguissem se estabelecer, criariam um boi como aquele que tanto os encantou.
“O Roque sempre foi um apaixonado pela cultura popular. Ele prometeu que se ele e a família conseguissem se estabelecer, eles iam criar um boi para homenagear São João, e conseguiram. Hoje tá aí o Caprichoso, que é o nosso arauto da cultura”, contou Karina Cid, uma das descendentes de Roque Cid.
No dia 20 de outubro de 1913, a promessa foi cumprida: nasceu o Boi Caprichoso, construído com as próprias mãos e muita devoção no local onde hoje fica a Travessa Sá Peixoto.
“Hoje o Caprichoso não é mais da família Cid. Ele é do povo. Nasceu aqui, mas ganhou o mundo e tudo isso como uma promessa para São João”, declarou.
Fé que pulsa no ritmo dos tambores 🥁
Catedral de Nossa Senhora do Carmo, em Parintins, também abriga a imagem de São João Batista.
Matheus Castro, g1 AM
Mais de um século depois, a fé que deu origem aos bois continua viva nas manifestações culturais e religiosas do povo de Parintins. Caprichoso e Garantido não são apenas símbolos folclóricos — são frutos da fé popular, das promessas cumpridas e do poder transformador das tradições juninas.
Em cada ladainha, em cada Boi de Rua, em cada fogueira acesa, em cada promessa renovada no coração dos brincantes, está presente a essência que fez nascer esses dois gigantes da cultura amazônica: a fé em São João Batista, o santo padroeiro dos bois de Parintins.
Garantido e Caprichoso se enfrentam no Festival Folclórico de Parintins
Caprichoso e Garantido celebram São João com fogueiras pelas ruas de Parintins
g1 AM