Mãe revela trauma da filha que perdeu dedo durante agressão de colegas em escola de SP
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Mãe revela trauma da filha que perdeu dedo durante agressão de colegas em escola de SP

Adolescente de 13 anos não quer voltar a estudar na escola estadual em Registro (SP). A família acredita que ela foi agredida ao retornar para a sala de aula, após ir ao banheiro. A Diretoria de Ensino da região acompanha o caso. Menina teve parte do dedo amputada após ter a mão prensada contra porta em escola em Registro
Arquivo pessoal
Menina teve parte do dedo amputada após ter a mão prensada contra porta em escola em Registro
Arquivo pessoal
A menina de 13 anos que teve parte do dedo decepada em uma escola estadual em Registro, no interior de São Paulo, ficou abalada psicologicamente. Ao g1, a família revelou que a adolescente já recebeu alta hospitalar e voltou para casa, mas não quer retornar à unidade de ensino. “Não fala, não come, só olha para a mão e chora”, desabafou a mãe.
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O caso ocorreu na última quinta-feira (26), na Escola Estadual Aurora Coelho, no bairro Jardim Xangrilá. A mãe da vítima contou que a agressão aconteceu assim que a filha retornou do banheiro, sendo impedida de entrar na sala de aula pelos colegas mesmo na presença da professora. A Diretoria de Ensino de Registro informou que está apurando as circunstâncias do acidente.
A menina foi internada no Hospital Regional Leopoldo Bevilacqua, em Pariquera-Açu (SP), e recebeu alta médica na sexta-feira (27). A mãe destacou, porém, que o psicológico da menina foi afetado pelo ocorrido.
“A minha filha está traumatizada. Não fala, não come, só olha pra mão e chora […] Vai ser bem complicada a recuperação, nem tanto física, mais [pelo] psicológico dela”, explicou.
De acordo com a mãe, a família tentou acessar as imagens de monitoramento junto com a escola, mas não teve sucesso. Ela também disse que pretende ajuizar uma ação cível contra a unidade de ensino.
“O emocional dela está bem abalado. Ela já falou que não quer voltar para a escola. Então vou ter que procurar outra escola pra ela. Vou ter que entrar com uma ação civil porque ela ficou com uma lesão para o resto da vida”, complementou.
Entenda o caso
A menina teve o dedo amputado após ter a mão prensada pela porta de uma sala de aula. A família acredita que o acidente foi provocado de maneira intencional por um aluno, que empurrou a porta ciente que o dedo da menina estava no local.
A mãe disse ao g1 que, inicialmente, havia recebido a informação de que dois meninos empurraram a porta contra a sua filha. Porém, uma colega disse à família posteriormente que apenas um dos alunos foi o autor das agressões.
“Ela [filha] falou pra mim que foram dois alunos. Uma amiga dela, que é da mesma sala, relatou outra situação: Que foi um aluno somente, e ele estava ciente que o dedo dela estava na porta. E mesmo assim ele foi lá e empurrou a porta. Foi pra machucar mesmo”, conta.
Menina teve parte do dedo amputada após ter a mão prensada contra porta em escola em Registro
Arquivo pessoal
De acordo com o boletim de ocorrência, parte do dedo indicador da mão direita da menina foi decepado no acidente. Por conta disso, o diretor da escola acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegou ao local às 16h10 e encaminhou a menina para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.
O diretor também entrou em contato com os responsáveis pela menina, revelando que ela foi conduzida à unidade de saúde. Segundo o registro policial, o diretor disse também ter sido informado que os adolescentes estavam brincando de abrir e fechar a porta, momentos antes do acidente.
“Até então, eu imaginei que seria um corte superficial. Quando eu cheguei na UPA eu vi um pedacinho do dedo dela num potinho, na gaze, e ela com a mão enfaixada. Dali eu já fiquei desesperada, porque minha filha ‘tava’ branca, estava pálida”, disse.
Após os atendimentos iniciais na UPA, a menina foi conduzida ao Hospital Regional Leopoldo Bevilacqua, em Pariquera-Açu (SP), para atendimento especializado.
Ainda segundo a mãe, o reimplante do dedo não pôde ser realizado por um descuido do armazenamento do órgão na UPA. Segundo informado à Polícia Militar, houve a contaminação do membro e dilaceração de tendões.
O g1 solicitou um posicionamento ao Consaúde, responsável pela administração da unidade, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
Investigação
O diretor de ensino disse que os alunos acusados não apresentam comportamento agressivo ou registros disciplinares. Ele acrescentou, porém, que a vítima já havia relatado sofrer episódios de bullying, mas nunca indicou nomes dos autores.
A diretoria da escola cedeu os endereços dos alunos à autoridade policial. Os estudantes devem ser intimados a comparecerem na Delegacia de Registro, na presença dos responsáveis legais, para serem ouvidos.
O diretor também informou que há imagens de monitoramento na área do ocorrido. “Eu quero as imagens até para poder esclarecer certinho. Para não prejudicar ninguém, né? Que não esteja relacionado à situação”, disse a mãe ao g1.
Ainda segundo ela, a escola não informou quais medidas serão tomadas em relação aos alunos. “Eu não sei se o menino recebeu alguma ocorrência, suspensão, se vai ser expulso. Não tenho informação nenhuma”, disse.
Diretoria de Ensino
Em nota, a Diretoria de Ensino de Registro lamentou profundamente o ocorrido e informou que está apurando as circunstâncias do acidente. O caso foi inserido na Plataforma Conviva-SP, e um profissional do programa Psicólogo na Escola foi disponibilizado para atendimento aos estudantes.
“Assim que tomou conhecimento do fato, a gestão da unidade escolar acionou imediatamente a equipe de resgate e os responsáveis legais da estudante, que foi acompanhada por um servidor até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”, disse a pasta.
Os responsáveis pelos alunos envolvidos foram comunicados para ciência dos fatos e aplicação das medidas disciplinares cabíveis, ainda segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
SSP-SP
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que o caso foi registrado como ato infracional de lesão corporal na Delegacia Seccional de Registro. “Diligências prosseguem visando o devido esclarecimento dos fatos”, disse a pasta.
Relembre outro caso
Em 2014, um menino de 13 anos morreu uma semana depois de dois colegas pularem sobre as costas dele dentro de uma escola estadual em Praia Grande (SP). O pai de Carlos Teixeira afirmou à época que o filho era saudável e acredita que a morte aconteceu em decorrência da agressão sofrida.
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