Do quintal de Santo Amaro aos palcos do mundo: Maria Bethânia revela bastidores da carreira, memórias da infância e espiritualidade
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Do quintal de Santo Amaro aos palcos do mundo: Maria Bethânia revela bastidores da carreira, memórias da infância e espiritualidade

O Globo Repórter desta sexta-feira (27) fez uma homenagem à cantora, que completa 60 anos de carreira. Em entrevista à Sandra Annenberg, a artista abriu o coração para falar da infância, da fé e da trajetória. ÍNTEGRA
O Globo Repórter – Personalidades desta sexta-feira (27) foi uma homenagem à cantora Maria Bethânia, que completa 60 de carreira. Em entrevista especial à Sandra Annenberg, a artista abriu o coração para falar da infância, da família, da fé e da trajetória que a transformou em um dos maiores nomes da música brasileira. Saiba mais abaixo.
Raízes no Recôncavo Baiano
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Foi em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, que Maria Bethânia começou a construir sua identidade. A cidade natal e o quintal da casa onde cresceu é lembrada com afeto pela artista.
“Não creio em outro lugar possível para eu nascer. E nasci num período em que Santa Amaro tinha ainda as suas tradições, as suas festas, ainda muito consagradas e festejadas e vividas por seu povo. E tinha um quintal gigantesco que era um paraíso ficar ali, livre, brincando, saboreando frutas, brincadeiras. Subindo em árvores”, relembra.
Bethânia também comenta sobre a relação com os pais, Dona Canô e seu Zezinho.
“Minha mãe era uma potência. Farta, generosa, extraordinária. Desde de criança eu sabia que pode existir confiança em mim porque é de minha mãe”, diz.
Sobre o pai, Bethânia destaca a sabedoria e o amor:
“Meu pai dizia uma frase que me marcou que traduz muito ele: o homem precisa ter o seu dinheiro para não lhe faltar. Nem um vintém a mais para não desvirtuar. É de um vigor e, ao mesmo tempo, de uma sabedoria”.
A casa da família, comprada após seu Zezinho ganhar na loteria, permanece como símbolo da história dos Veloso.
“Minha mãe achou um trevo de quatro folhas e deu a ele. Ele ganhou o prêmio e comprou a casa”.
Retratos dos pais de Bethânia na casa em que a família vivia em Santo Amaro
Reprodução/TV Globo
Devoção e sincretismo
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A fé também é um pilar na vida da cantora. Devota de Nossa Senhora da Purificação, Bethânia participa todos os anos da tradicional procissão em Santo Amaro.
“Sou Mariana. Gosto de ter devoção por Maria. Ela é a que me viu nascer, me criou, me educou.”
A espiritualidade da artista também se manifesta no Candomblé. Foi levada ao terreiro do Gantois por Vinícius de Moraes e sua esposa, Gesse. Lá, conheceu Mãe Menininha, por quem se encantou.
“O que mais me cativou foi uma potência de doçura e de força naquela senhora. Me comoveu imediatamente.”
Bethânia afirma que nunca houve conflito entre o catolicismo e o Candomblé em sua vida.
“Tudo era moldado com naturalidade, bem compreendido e respeitado”.
Bethânia fala sobre espiritualidade
Reprodução/TV Globo
A chegada à música
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Foi na capital baiana que teve o primeiro contato com o teatro e a cena cultural.
“Quando vi um espetáculo pela primeira vez, pensei: eu sou isso. Não sabia se era cantando, atuando ou iluminando, mas eu tinha certeza que minha vida seria no palco.”
O irmão Caetano Veloso teve papel fundamental em sua introdução à música.
“Essa coisa da música foi Caetano quem trouxe muito para mim. Caetano sempre me trouxe tudo, na verdade. Mas a música, principalmente, foi ele, porque ele tinha os amigos, conhecia o Gilberto Gil, que já cantava na televisão”, relembra.
A estreia profissional veio por acaso, ao substituir Nara Leão no show Opinião, no Rio de Janeiro.
“Disseram que seriam cinco dias. Mas Nara não voltou. Tive que voltar para Santo Amaro para explicar para os meus pais que não seriam cinco dias, e sim, minha vida. E meu pai me disse uma coisam muito bonita e inesquecível: ‘Se você for feliz, a responsável é você. Se for infeliz, o culpado sou eu.’”
Bethânia relembra início na música
Reprodução/TV Globo
Rituais no palco
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Bethânia revela que mantém um ritual antes de cada apresentação.
“Eu gosto de chegar muito cedo, mas é com quatro horas de antecedência. Duas horas antes, para mim é sagrado, não mexe comigo, que eu vou subir no palco. Rezo, peço licença ao palco, aos deuses da cena e a quem me protege.”
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