Regras para voos de drones são revistas pela Anac; aparelhos que impediram pousos e decolagens em Guarulhos estavam irregulares
5 mins read

Regras para voos de drones são revistas pela Anac; aparelhos que impediram pousos e decolagens em Guarulhos estavam irregulares

Equipamentos não podem sobrevoar áreas de aeroportos; os que interromperam tráfego aéreo no Aeroporto Internacional de São Paulo não foram identificados. Voos de drones são regulamentados pela Anac
Reprodução
Os voos de drones que causaram a interrupção de pousos e decolagens no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande São Paulo, em junho estavam irregulares. Isso porque os drones são proibidos de sobrevoar o entorno dos aeroportos no país, e suas atividades precisam ser previamente autorizadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Desde 2017, independentemente de serem de uso recreativo, os drones em operação no espaço aéreo brasileiro e que pesem entre 250 gramas e 150 quilos precisam ser cadastrados no Sistema de Aeronaves Não Tripuladas (Sisant).
Riscos do uso do drone obedecem ao peso e à finalidade
Reprodução
O sistema foi criado pela Anac “para permitir o desenvolvimento do setor de drones no Brasil”, segundo texto do site do próprio Sisant.
Além dos registros dos equipamentos, os voos requerem pedido de autorização da Anac, que analisa a demanda e verifica se a área em questão é ou não restrita.
No entanto, as recentes ocorrências, que colocaram em risco a segurança no aeroporto de Guarulhos, preocupam especialistas e reforçam a necessidade de rever as normas em vigor – algo já no radar da própria Anac, que em 9 de junho abriu consulta pública para atualizar as determinações.
Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos
Reprodução/GloboNews
Uma das limitações atuais da regulamentação está na insuficiência de critérios para diferenciar os tipos de operação de drone. Eles se baseiam sobretudo no peso do equipamento para determinar o risco do voo.
Os equipamentos de até 25 kg em áreas rurais têm menos restrições, enquanto os de risco mais alto são os que transportam cargas em grandes cidades.
James Waterhouse, professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo, disse à TV Globo que “é preciso criar órgãos permanentes para discussões [das regras] com a sociedade”.
A fiscalização dos voos é feita pela Anac, mas, na opinião de Waterhouse, essa responsabilidade deveria ser compartilhada com “polícias e guardas municipais”.
Conforme dados do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Força Aérea Brasileira, até 13 de junho deste ano foram registrados 29 casos de invasão de drone no Brasil, sendo 27 em São Paulo. Em 2024 foram 44 casos e, em 2023, 51.
Pousos e decolagens interrompidos
A interrupção de voos do sábado (21) foi a segunda vez que o espaço aéreo precisou ser fechado por causa de drones em menos de 15 dias. Em 11 de junho, a operação do aeroporto ficou paralisada por 46 minutos, o que fez com que seis voos fossem cancelados e 35, afetados.
Ainda segundo a GRU Airport, “as autoridades competentes foram acionadas e as operações foram normalizadas”. A concessionária não informou por quanto tempo o espaço aéreo permaneceu fechado.
A companhia aérea Latam afirmou que 34 voos com origem ou destino ao Aeroporto de Cumbica foram impactados no sábado (21) após a suspensão das operações de pouso e decolagem.
“A companhia repudia e lamenta a situação, totalmente alheia ao seu controle, e reforça que a segurança de seus passageiros e funcionários é prioridade em todas as suas operações. A Latam está prestando toda a assistência necessária aos passageiros afetados, conforme previsto na Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, informou.
Em nota, a companhia aérea Gol disse que apenas um voo sofreu atraso de cerca de 31 minutos para decolar.
Já a Azul informou que não houve impacto na sua operação.
Uma transmissão ao vivo feita pelo canal do Youtube “Aviação Guarulhos JPD” registrou o momento em que um helicóptero sobrevoou o aeroporto em busca dos drones. Na transmissão, é possível ouvir quando a torre é comunicada que não havia nada no espaço aéreo do aeroporto (veja acima).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Polícia Militar foi acionada e equipes foram deslocadas para verificar sobre os drones, mas não os encontraram.
A Polícia Federal investiga se a ocorrência foi provocada por traficantes de drogas que tentavam levar para dentro do aeroporto três pacotes com 55 kg de cocaína cada um.
A cocaína foi apreendida, e os traficantes conseguiram fugir. A PF abriu inquérito.
Aeroporto de Guarulhos tem pousos e decolagens interrompidos por presença de drones
Meses atrás, foi descoberta uma rota que parte da favela vizinha ao terminal e chega à área restrita de Cumbica. Na noite de quarta, a PF notou uma movimentação estranha ali e foi atrás.
Segundo a corporação, houve uma perseguição e, para tentar escapar do cerco policial, os traficantes teriam subido drones para observar a posição das viaturas.
Cocaína apreendida em Guarulhos
Reprodução/TV Globo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *