
Como ‘Abin paralela’ usou o programa para monitorar alvos, segundo a PF
Relatório final da PF aponta que ex-presidente e seu filho definiam alvos de espionagem ilegal e eram os principais beneficiários políticos do esquema na Abin. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usou um sistema de geolocalização para monitorar clandestinamente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, servidores públicos e opositores políticos, segundo relatório da Polícia Federal (PF). A ação não
O sigilo do inquérito foi derrubado nesta quarta-feira (18) pelo ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com o documento, as ações usaram o programa “First Mile”, e incluíram o rastreamento de deslocamentos de Moraes por meio de um homônimo, o acompanhamento de alvos ligados ao sistema eleitoral e a produção de informações que alimentaram campanhas de desinformação sobre as urnas eletrônicas, por exemplo.
Saiba quais as ações realizadas com a ferramenta, de acordo com o inquérito:
Identificação de responsáveis por perfis
Uma das finalidades atribuídas pela PF ao uso do “First Mile” era a tentativa de descobrir quem estava por trás de perfis anônimos em redes sociais. Segundo a PF, isso era feito por meio da geolocalização de pessoas próximas, cruzando movimentações com outros alvos e buscando associações físicas.
“Era comum a tentativa de identificação de vínculo de alvo principal com outros números, com o fim de se tentar identificar os reais responsáveis por perfis anônimos de rede social”, diz o documento.
Acompanhamento indireto por meio de pessoas próximas
O relatório mostra que o número monitorado não era necessariamente do alvo principal, mas de pessoas do convívio próximo, como familiares ou colegas. A técnica era usada para evitar rastreabilidade direta.
“O número monitorado […] não pertence ao alvo central da ação de inteligência. Tal prática dificulta sobremaneira a rastreabilidade da ação”, aponta a PF.
Mapeamento de encontros presenciais
O sistema foi usado para detectar quando duas pessoas estavam no mesmo local físico. Isso era possível por meio da funcionalidade de “geofencing”, que gerava alertas automáticos quando dois dispositivos, celulares, por exemplo, se aproximavam.
“As buscas serviam como subsídio para a produção de conhecimento […] sobre interações pessoais e institucionais do alvo”, afirma o documento.
Rastreio de deslocamentos
A ferramenta permitia acompanhar em tempo real os deslocamentos de pessoas monitoradas. Em alguns casos, o sistema era utilizado para saber onde determinado alvo estava ao longo do dia ou da semana.
“Foi possível verificar que as pesquisas buscavam o deslocamento do alvo, sua rotina e padrão de movimentação”, diz o documento.
Cruzamento de padrões de movimentação
A PF identificou que o First Mile foi usado para fazer o cruzamento de dados de movimentação de diferentes pessoas com o objetivo de buscar padrões de convivência, vínculos e possíveis relações institucionais ou políticas.
“O que se verificou é que os acessos buscavam correlacionar dois indivíduos, especialmente na busca de interações temporais e geográficas”, afirma a PF.
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Tentativa de apagar rastros
Segundo a PF, foram identificadas várias tentativas de apagar os registros dos monitoramentos. O documento aponta que foram feitas exclusão de “logs” (informações de quando um determinado usuário utilizou o programa) como tentativa de não deixar rastros.
Ainda, o grupo não fez registros documentais, o que, segundo a PF, dificultou o rastreamento da origem dos comandos usados para o rastreamento e dos alvos.
O inquérito ainda diz que a maioria das ações com o “First Mile” foi realizada sem planejamento operacional ou ordem de busca formalizada, o que contraria os protocolos internos da própria Abin.
PF identificou mais de 60 mil consultas ilegais
Relatório da PF aponta que ex-presidente e seu filho definiam alvos de espionagem ilegal em esquema da Abin
Foram 60.734 consultas ilegais de geolocalização foram realizadas pela Abin entre 2019 e 2021 identificadas pela PF utilizando o “First Mile”.
Segundo o relatório, o sistema foi operado de forma clandestina para rastrear a localização de celulares em tempo real, inclusive de figuras públicas como o próprio ministro, de Gilmar Mendes, de Jean Wyllys e do jornalista Leandro Demori.
Segundo a PF, parte das consultas ilegais serviram para proteger e blindar integrantes do chamado “núcleo político” do governo de Jair Bolsonaro (PL), que era integrado, entre outros, pelo próprio ex-presidente e pelo filho e vereador Carlos Bolsonaro.
O relatório aponta que a estrutura paralela de inteligência da Abin foi usada para atender interesses pessoais, políticos e eleitorais desse grupo, inclusive com ações voltadas a monitorar opositores e obter informações sigilosas de investigações sensíveis.
O sigilo do inquérito foi derrubado nesta quarta-feira (18) pelo ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com o documento, as ações usaram o programa “First Mile”, e incluíram o rastreamento de deslocamentos de Moraes por meio de um homônimo, o acompanhamento de alvos ligados ao sistema eleitoral e a produção de informações que alimentaram campanhas de desinformação sobre as urnas eletrônicas, por exemplo.
Saiba quais as ações realizadas com a ferramenta, de acordo com o inquérito:
Identificação de responsáveis por perfis
Uma das finalidades atribuídas pela PF ao uso do “First Mile” era a tentativa de descobrir quem estava por trás de perfis anônimos em redes sociais. Segundo a PF, isso era feito por meio da geolocalização de pessoas próximas, cruzando movimentações com outros alvos e buscando associações físicas.
“Era comum a tentativa de identificação de vínculo de alvo principal com outros números, com o fim de se tentar identificar os reais responsáveis por perfis anônimos de rede social”, diz o documento.
Acompanhamento indireto por meio de pessoas próximas
O relatório mostra que o número monitorado não era necessariamente do alvo principal, mas de pessoas do convívio próximo, como familiares ou colegas. A técnica era usada para evitar rastreabilidade direta.
“O número monitorado […] não pertence ao alvo central da ação de inteligência. Tal prática dificulta sobremaneira a rastreabilidade da ação”, aponta a PF.
Mapeamento de encontros presenciais
O sistema foi usado para detectar quando duas pessoas estavam no mesmo local físico. Isso era possível por meio da funcionalidade de “geofencing”, que gerava alertas automáticos quando dois dispositivos, celulares, por exemplo, se aproximavam.
“As buscas serviam como subsídio para a produção de conhecimento […] sobre interações pessoais e institucionais do alvo”, afirma o documento.
Rastreio de deslocamentos
A ferramenta permitia acompanhar em tempo real os deslocamentos de pessoas monitoradas. Em alguns casos, o sistema era utilizado para saber onde determinado alvo estava ao longo do dia ou da semana.
“Foi possível verificar que as pesquisas buscavam o deslocamento do alvo, sua rotina e padrão de movimentação”, diz o documento.
Cruzamento de padrões de movimentação
A PF identificou que o First Mile foi usado para fazer o cruzamento de dados de movimentação de diferentes pessoas com o objetivo de buscar padrões de convivência, vínculos e possíveis relações institucionais ou políticas.
“O que se verificou é que os acessos buscavam correlacionar dois indivíduos, especialmente na busca de interações temporais e geográficas”, afirma a PF.
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Segundo a PF, foram identificadas várias tentativas de apagar os registros dos monitoramentos. O documento aponta que foram feitas exclusão de “logs” (informações de quando um determinado usuário utilizou o programa) como tentativa de não deixar rastros.
Ainda, o grupo não fez registros documentais, o que, segundo a PF, dificultou o rastreamento da origem dos comandos usados para o rastreamento e dos alvos.
O inquérito ainda diz que a maioria das ações com o “First Mile” foi realizada sem planejamento operacional ou ordem de busca formalizada, o que contraria os protocolos internos da própria Abin.
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Foram 60.734 consultas ilegais de geolocalização foram realizadas pela Abin entre 2019 e 2021 identificadas pela PF utilizando o “First Mile”.
Segundo o relatório, o sistema foi operado de forma clandestina para rastrear a localização de celulares em tempo real, inclusive de figuras públicas como o próprio ministro, de Gilmar Mendes, de Jean Wyllys e do jornalista Leandro Demori.
Segundo a PF, parte das consultas ilegais serviram para proteger e blindar integrantes do chamado “núcleo político” do governo de Jair Bolsonaro (PL), que era integrado, entre outros, pelo próprio ex-presidente e pelo filho e vereador Carlos Bolsonaro.
O relatório aponta que a estrutura paralela de inteligência da Abin foi usada para atender interesses pessoais, políticos e eleitorais desse grupo, inclusive com ações voltadas a monitorar opositores e obter informações sigilosas de investigações sensíveis.