Trio acusado de planejar ataques a homem em situação de rua e transmitir crime pela internet vira réu
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Trio acusado de planejar ataques a homem em situação de rua e transmitir crime pela internet vira réu

A Justiça decretou a prisão preventiva Bruce Vaz de Oliveira, o Jihad, Caio Nicholas Augusto Coelho, o Sync e Kayke Sant’anna Franco, o Fearless ou Eterno Pastor Michael. Eles usavam a plataforma Discord para praticar crimes e entraram no banco de dados da Polícia Civil do RJ. Trio é preso por suspeita de planejar ataque a homem em situação de rua
O juiz da 39ª Vara Criminal, Cariel Bezerra Patriota, decretou, nesta quarta-feira (18), a prisão preventiva do grupo que planejou transmitir ao vivo execução de homem em situação de rua. Bruce Vaz de Oliveira, o Jihad; Caio Nicholas Augusto Coelho, o Sync e Kayke Sant’anna Franco, o Fearless ou Eterno Pastor Michael viraram reús e vão responder por associação criminosa, maus-tratos, corrupção de menores e invasão ao banco de dados da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra os acusados. Eles foram presos no mês passado por planejar um ataque a um homem em situação de rua. O crime seria transmitido ao vivo pela internet em troca de dinheiro. Na ocasião, um menor também foi apreendido.
As investigações identificaram que um grupo de jovens utilizava a plataforma Discord para praticar e divulgar crimes de maus-tratos com animais, indução à automutilação, estupro virtual e incitação a diversas formas de violência.
O grupo promovia ainda ataques de ódio direcionados a negros, mulheres e adolescentes, segundo o MP.
Um dos acusados, Fearless ou Eterno Pastor Michael, conseguiu acessar o banco de dados da investigação sigilosa da polícia e avisou os outros investigados.
“A prisão visa a impedir que os réus perturbem ou impeçam a produção das provas. A necessidade da medida é magnificada pela notícia de que o réu Kayke teria acessado indevidamente sistemas de informação da administração pública para obter dados sigilosos da investigação em curso, divulgando-os aos demais denunciados e sugerindo que apagassem as evidências dos crimes”.
“Tal conduta demonstra uma ousadia ímpar e uma clara disposição para obstruir a justiça, tornando evidente que, em liberdade, os acusados poderão se valer de quaisquer meios para frustrar a instrução criminal e dificultar a descoberta da verdade real”, escreveu o juiz em um dos trechos da decisão.
Chefe do grupo de crimes de ódio se dizia ativista
A investigação
A Polícia Civil do RJ está investigando quem financiou o grupo suspeito de planejar o ataque a um homem em situação de rua.
“Eles recebiam em dinheiro, em Pix. Os nomes dos financiadores foram mencionados e vamos buscar a identificação dessas pessoas”, afirmou a delegada Maria Luiza Machado, da 19ª DP (Tijuca), durante coletiva de imprensa em abril.
De acordo com a delegada, a execução seria feita com o uso de coquetéis molotov, um ataque semelhante ao que foi realizado em fevereiro, na Zona Norte do Rio. Um adolescente foi apreendido e um homem que filmou o ato e transmitiu para 120 pessoas no Discord foi preso.
Segundo as investigações, Kayke e Caio eram responsáveis pela página no Discord. Bruce Vaz, de 24 anos, é apontado como chefe da quadrilha:
“Ele é responsável por esse servidor. Ele tem a ciência de todos os eventos que acontecem. São eventos programados. Na Páscoa, ele planejava a execução de um coelho. Todas as pessoas que entravam no grupo eram por intermédio dele”, afirmou a delegada.
Discord: o que é a rede social usada para cometer crimes contra adolescentes?
Na casa de Bruce, que chegou a dissecar um gato vivo durante uma transmissão no Discord, a polícia encontrou a faca utilizada no crime e também a pele do animal.
“Se dizia ativista de proteção de animais da ONU e mediador de conflitos em países do Oriente Médio em guerra. Passava completamente despercebido de todos”, disse o secretário de Polícia Civil do RJ, delegado Felipe Curi.
“Ele adotava animais e fazia a dissecação desses animais ao vivo na plataforma Discord. Um verdadeiro psicopata”, acrescentou.
Um menor de idade que atuava como administrador do servidor foi apreendido em Nova Friburgo, na Região Serrana.
Procurada pela TV Globo, a ONU afirmou que Bruno Vaz não é funcionário ou embaixador da Organização das Nações Unidas.
“Reforçamos o alerta sobre o uso do nome da Organização por fraudadores e estelionatários, que se identificam como embaixadores ou apoiadores de alto nível da ONU, para se beneficiar indevidamente”.
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Getty Images

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