O que é o chá de ayahuasca, ingerido por homem que desapareceu em floresta no Ceará
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O que é o chá de ayahuasca, ingerido por homem que desapareceu em floresta no Ceará

Phellipe Adler da Silva Santos, de 31 anos, participava de uma cerimônia na cidade de Barbalha quando tomou a bebida e apresentou ‘comportamento atípico’. Depois, ele sumiu em uma área de mata. Jovem desaparece em Barbalha e é encontrado com vida dias depois
O empreendedor Philipe Adler, de 31 anos, passou quase 72 horas desaparecido na Floresta Nacional do Araripe, em Barbalha (CE), após tomar chá de ayahuasca durante um ritual no sábado (14). Ele foi encontrado vivo na terça-feira (17) em uma área de mata.
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A bebida ingerida por Philipe tem efeitos alucinógenos e pode causar alterações psicológicas e sensoriais por várias horas. Mas, afinal, o que é o chá de ayahuasca? Entenda:
➡️ Em tradução livre e poética, ayahuasca pode ser chamada de “vinho das almas” ou “cipó dos espíritos”.
A ayahuasca é uma bebida psicoativa, de origem amazônica, utilizada tradicionalmente com objetivos terapêuticos ou em rituais religiosos indígenas, considerada sagrada para diversos povos.
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Os efeitos alucinógenos surgem a partir da combinação de substâncias encontradas em plantas como o cipó Banisteriopsis caapi, um cipó conhecido como caapi ou jagube, e folhas de Psychotria viridis, conhecida como chacrona.
As duas plantas são maceradas e cozidas por um longo período. O resultado final é o chá, um composto de ervas distintas preparadas especificamente para a realização dos rituais.
No Brasil, o uso do chá de ayahuasca é permitido pelo Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad) em cultos religiosos, mas a liberação possui algumas regras – por exemplo, o uso da substância é proibido para pessoas com histórico de doenças mentais.
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Comportamento atípico após tomar chá
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No dia 14 de junho, Phellipe Adler saiu da cidade de Juazeiro do norte e foi até a comunidade de Sítio Melo, em Barbalha, para participar do ritual realizado pelo coletivo Aní Uná, uma organização “voltada às tradições culturais, religiosas, de boas práticas e rituais por meio dos recursos da floresta”.
O Coletivo disse que “analisa cuidadosamente” se o participante está apto ou não a tomar a chá. No entanto, Phellipe apresentou um “comportamento atípico” poucas horas após o ritual.
“Ele manifestou forte desejo de deixar o local, mesmo sob efeito da medicina, o que não é permitido por questões de segurança, principalmente pelo fato de ele ter que dirigir seu veículo. Após diálogo, ele aparentemente compreendeu a situação e retornou para a cerimônia, sendo então acompanhado com atenção constante por toda a equipe do Coletivo. Entretanto, algum tempo depois, ele repentinamente adentrou uma área de mata fechada, atravessando a cerca por onde não há trilhas, apenas vegetação densa.”
Homem é encontrado após desaparecer dentro de floresta.
Divulgação/BPMA
A organização disse que procurou por Phellipe, mas não o encontrou, e que fez um Boletim de Ocorrência (B.O.). O Corpo de Bombeiros foi acionado e utilizou drones e cães farejadores nas buscas. Os moradores do local também se mobilizaram para ajudar.
De acordo com a Polícia do Meio Ambiente, Phellipe Adler foi encontrado na terça-feira (17) no Sítio Malhada, próximo de uma estrada que dá acesso ao estado de Pernambuco. Ele apresentava sinais de desidratação, ferimentos em todo o corpo e marcas de picadas de insetos.
O homem, que é empreendedor, foi encaminhado para o Hospital Regional do Cariri e passará por cuidados médicos.
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Em 2018, foi publicado o maior estudo realizado no Brasil sobre os impactos do chá indígena no tratamento contra depressão refratária.
Coordenada pelo neurocientista Dráulio Araújo, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe-UFRN), a pesquisa revelou que 67% dos participantes apresentaram melhoras significativas após o uso do chá indígena.
Durante o experimento, os pesquisadores observaram aumento da atividade de regiões do cérebro que estão associadas a imagens mentais (como quando estamos sonhando, por exemplo), a processos de introspecção (habilidade de prestar atenção nos próprios pensamentos e emoções) e quebra de ciclos repetitivos de pensamentos negativos.
De acordo com os pesquisadores desse estudo, os efeitos da ayahuasca duram cerca de quatro horas e o chá indígena não causa dependência. “Assim como qualquer substância, a ayahuasca não é para todo mundo”, disse.
Pessoas com propensão a surtos psicóticos, como esquizofrênicos, não devem consumir o chá indígena.
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