Indígena deixa aldeia no interior do Acre, cria empresa de diaristas e ajuda mulheres da periferia: ‘Futuro mais justo’
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Indígena deixa aldeia no interior do Acre, cria empresa de diaristas e ajuda mulheres da periferia: ‘Futuro mais justo’

Gemina Brandão Xiu Shanenawa lidera o grupo “Fadas em Ação” composto por 22 mulheres, a maioria delas indígenas dos povos Apurinã, Yawanawa, Hunikuim, Shanenawá, que prestam os serviços de limpeza. A indígena Xiú criou uma empresa que presta serviços de diarista no AC
Arquivo pessoal
O sonho de mudar de vida e a realidade de outras mulheres foi o que motivou a indígena Gemina Brandão Xiu Shanenawa a deixar a aldeia em que morava no município de Feijó, no interior do Acre, rumo à capital, Rio Branco. Depois de muitos desafios, ela criou a empresa ‘Fadas em Ação’ que oferece serviços de diaristas e emprega 22 mulheres, a maioria também indígenas.
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Nas redes, sociais, ela reforça: “Nosso time de mulheres indígenas e periféricas te ajuda a ter mais qualidade de vida. Mais que limpeza, um futuro mais justo!”
Em entrevista à Rede Amazônica, ela diz que não se arrepende de ter saída do aldeia. “Se eu tivesse desistido, talvez eu teria retornado para Feijó, estaria morando na aldeia e seguindo a minha vida normal como uma mulher indígena que mora dentro da aldeia com poucas oportunidades”, comenta ela.
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Xiú vem da Aldeia Nova Vida e tem uma história que raramente é contada. Em um mundo que com poucos privilégios, muitas mulheres enfrentam desafios diários para conquistar respeito no ambiente de trabalho e para a mulher indígena, a realidade é ainda mais desafiadora.
“A palavra para mim é sempre resistência, porque eu acredito que os povos indígenas, principalmente eu que sou mulher e, mulher indígena, é muito difícil. A partir do momento que você consegue ter outra visão de que você pode ir além e tem certeza disso, você consegue alcançar muitas coisas e você consegue ir muito além do que você imaginava”, afirmou ela.
Ela conta que não imaginava um dia estar na capital acreana e cita que consegue ver todas as suas funcionárias tendo sucesso na vida. “Vejo que qualquer uma das meninas que fazem parte do grupo pode ir além”, disse.
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Arquivo pessoal
Hoje, a empresária lidera mulheres, a maioria delas indígenas dos povos Apurinã, Yawanawa, Hunikuim, Shanenawá, principalmente das cidades de Tarauacá, Feijó e Boca do Acre. Ela usa as rede sociais também para o mostrar o trabalho feito por elas.
“A gente tem etnias diversas dentro do nosso grupo Yawanawá Nawa, com Apurinã. Então, são mulheres que por algum motivo saíram de suas comunidades e vieram para Rio Branco, em busca de oportunidade”, afirmou ela.
A luta por uma sociedade mais igualitária ainda está longe de ser concluída. Apesar das dificuldades, Xiú nunca desistiu de estudar, pois acredita que é através do conhecimento que é possível superar as adversidades.
“Logo no início, há nove anos atrás, eu estava totalmente depressiva, desanimada com tudo e pensando em desistir e hoje eu estar aqui, aonde eu estou, para mim é uma alegria. Muitas vezes eu fazia faxina nas casas dos outros e assistia aulas sobre redação do Enem dentro dos banheiros”, contou.
‘Conhecimento é tudo’
Além de empresária, a indígena virou estudante. “Eu consegui tirar uma nota boa e passei em segundo lugar para bacharelado em administração no IFAC. Foi uma nota bem boa. Tantas vezes eu pensei em desistir, mas dou um conselho: busque conhecimento, porque o conhecimento é tudo”, assegurou Xiú.
Dia Internacional da Mulher
Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou o dia 8 de março como o Dia Internacional das Mulheres. Uma iniciativa para combater as desigualdades e a discriminação de gênero em todo o mundo. Naquela época, as mulheres lutavam por melhores condições de trabalho e pela equiparação salarial em relação aos homens.
O pontapé inicial foi em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres.
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Vídeos: g1

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